A história da comunicação e o uso da tecnologia para a produção de conteúdo
- contcomtec104
- 28 de ago. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 18 de set. de 2019
A comunicação existe desde quando se tem notícias de animais em nosso mundo. Desde um ruído de algum animal avisando a chegada do predador, até uma pintura rupestre encontrada em cavernas antigas. Mas, como conseguimos estudar as formas de comunicação? E até que ponto a comunicação evoluiu e se afastou do que era pioneirismo?
Segundo Vilém Flusser, filósofo checo naturalizado brasileiro, a comunicação humana é artificial, ou seja, parte de um processo não natural. Com essa análise, podemos entender que nós, seres humanos, somos protagonistas nas formas de comunicação que temos, ou seja, estamos sujeitos a mudar o processo frequentemente.
Quando entendemos a comunicação enquanto um processo artificial, não-natural, de total controle do ser humano, percebemos que é possível produzir esta da forma que o indivíduo quiser. A possibilidade que temos de produzir comunicação de diferentes formas acabou por levar o homem a lugares inimagináveis, tempo após tempo. As primeiras formas registradas de comunicação humana são os grunhidos, gestos e posturas do homem neandertal, mas estas não podem ser consideradas enquanto comunicação artificial. Apenas quando o homem começou a produzir desenhos e gravuras em cavernas que foram identificados as primeiras formas de comunicação produzida através de um processo artificial. Tal forma de se comunicar só foi possível através da utilização de utensílios e técnicas para possibilitar a produção da comunicação. Desta forma, o uso de tecnologia, por mais rudimentar que esta fosse, contribuiu e foi crucial para o ato de comunicar.

A definição mais simples do que é a produção de conteúdo é que seja o ato de produzir uma mensagem com o intuito de transmitir uma ideia de um emissor para um receptor. Mas isso não significa que se limite a textos: atualmente vemos a abundância de artífices para difundir algo, como publicações em redes sociais, fotos, vídeos, streamers e podcasts. A produção de conteúdo e a comunicação por muitas vezes se confunde. A produção de conteúdo faz parte da comunicação, que possui um conceito mais amplo e diverso. Esta significa o ato de produzir alguma mensagem com o intuito de passagem de um conteúdo de um emissor para um receptor. Não necessariamente o ato de comunicar traz uma produção de algo para alguém. Mas o inverso sempre acontece, pois quando produzimos um conteúdo, seja lá qual for e por qual meio seja, sempre estamos efetuando o ato de comunicar. Nem sempre tal conteúdo tenha um intuito específico. Por exemplo, qual seria o intuito do homem neandertal ao fazer desenhos rupestres? Será que eles queriam apenas registrar o que viam para seus próprios contemporâneos ou desde aquela época já existia a noção de escrever história? Essas perguntas nunca serão respondidas, mas uma coisa é certa: existiu uma motivação, um meio e uma comunicação realizada.
Com o tempo percebemos inúmeras formas diferentes de comunicação. Escrita em pedras, em madeiras, em papéis. Surgimento dos pergaminhos, livros e teses. Com um apanhado mais recente, depois da primeira revolução industrial, tivemos uma grande implementação de tecnologia com os telefones, máquinas fotográficas, rádio, televisores e computadores. A tecnologia torna o processo de comunicação mais rápido e simples. Rápido no sentido de facilitar o processo de emissão e recepção da mensagem. E podemos concluir que torna mais simples por facilitar, muitas vezes, o entendimento da mensagem a ser passada. Ou seja, a comunicação é um processo que visa simplificar o entendimento de uma mensagem passada do emissor para o receptor. A comunicação sempre tem o intuito de armazenar e ordenar informações. Assim como Flusser diz, podemos analisar que a comunicação é um processo que vai de encontro ao da entropia, ou seja, é um processo contrário à desordem natural do universo.
Para tornar mais simples essa análise que a comunicação é um processo negativamente entrópico podemos perceber os formatos das produções de conteúdo nos dias de hoje. Utilizando de cenários comuns, como por exemplo, as redes sociais e seus influenciadores digitais, existe atualmente uma grande disputa entre as maiores referências em algum quesito em questão. Pessoas com entendimento em nutrição e boa alimentação, por exemplo, produzem conteúdos diariamente com o intuito de passar mensagens para facilitar o entendimento e o acesso dos receptores. Tal processo de comunicação é totalmente neguentrópico pois busca estabelecer uma ordem conteudista em relação a algum tema específico.

As diferentes utilizações de tecnologias para produzir conteúdo tornam a comunicação ainda mais abrangente. Será que uma mensagem que escrita em um livro, nos anos 1500, teria o mesmo efeito se feita através de uma pintura naquela mesma época? Certamente não. A tecnologia e o meio utilizado são capazes de mudar completamente o sentido da mensagem. Um dos mais respeitados teóricos da comunicação, Marshall McLuhan, traz o conceito de que o ‘Meio é a Mensagem’. Trata-se de uma formulação excessiva pela qual o autor pretende sublinhar que o meio, geralmente pensado como simples canal de passagem do conteúdo comunicativo, mero veículo de transmissão da mensagem, é um elemento determinante da comunicação.
E qual será o limite da utilização das tecnologias para facilitar a comunicação? Acreditamos que esse limite não exista. Porém, mais importante do que prever um futuro é entender que a natureza desentrópica da comunicação sempre haverá de existir. Toda comunicação humana tem o intuito de ordenar algo através de uma mensagem. A cada momento que passa a complexidade do mundo influencia diretamente no processo comunicacional. Com o avanço de estudos sobre psicologia, mentalidades, emissão e recepção de mensagens, formatos de comunicação, mais complexa fica a produção de conteúdo e mais fatores influenciam no entendimento da comunicação. Parafraseando McLuhan, acreditamos que não só o meio, mas Tudo é a Mensagem.
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