Produção de conteúdo para todos: o fenômeno Youtube.

Todos nós sabemos e fazemos parte da revolução tecnológica e digital que o mundo passou e vem passando diariamente: nosso acesso aos conteúdos mudaram, nossa forma de se relacionar com as pessoas se tornou bem diferente de tempos atrás e nossa possibilidade de se comunicar com pessoas do mundo inteiro virou algo extremamente simples e expansivo.

Diversas redes sociais e softwares livres contribuíram para isso. Desde os fóruns que foram criados no início da Internet, passando pelo Orkut, Facebook e até chegar aos dias atuais nos formatos mais utilizados como Instagram e Whatsapp, que tornou a comunicação digital mais fácil ainda.

Uma das maiores revoluções que aconteceram foi proporcionada pelo maior site de compartilhamento de vídeos do planeta: o YouTube. Criado em 2005 por três jovens que trabalhavam em uma grande empresa nos EUA, o YouTube se tornou rapidamente uma febre entre a juventude mundial.

Afinal, quem irá nos segurar agora que podemos compartilhar qualquer vídeo para o mundo inteiro? A possibilidade de qualquer pessoa produzir conteúdo para uma massa gigantesca trás uma capilaridade nunca antes vista no mundo. Antes estávamos ainda acostumados a consumir vídeos através das propagandas em televisões ou através de filmes no cinema ou em fitas/DVD’s, sempre estando enquanto receptores da mensagem e raramente enquanto emissores. E essa é a grande questão quando analisamos a Cibercultura.

Como André Lemos cita no texto “Cibercultura e Território Recombinante”: “Não basta emitir sem conectar, compartilhar. É preciso emitir em rede, entrar em conexão com outros, produzir sinergias, trocar pedaços de informação, circular, distribuir. [...] A internet, desde seus primórdios, configura-se como lugar de conexão e compartilhamento”. Através dessa possibilidade de compartilhamento, muito mais que apenas conexão com outras pessoas, fez com que o YouTube se tornasse responsável por uma das maiores mudanças sociais e econômicas que já vimos no mundo.

Com o tempo, vimos grandes marcas utilizarem o canal de compartilhamento para fazer grandes ações de Marketing, afinal, o público jovem não estava mais na TV ou nos Rádios, e sim em frente a um computador ou smartphone. Mas, não foram só grandes marcas que começaram a fazer dinheiro através do YouTube.

A profissão “Youtuber” foi criada a partir do momento que criadores e produtores de conteúdo conseguiram alcançar e fidelizar uma legião de seguidores e fãs através de seus vídeos no canal de compartilhamento. Pessoas que, sem a existência do canal, seriam desconhecidas ou estariam em outro ramo de trabalho, encontraram no YouTube uma forma de ganhar dinheiro produzindo um conteúdo que ela domine, sendo aprofundado ou não.

Um grande exemplo e talvez o maior no Brasil é o caso do Whindersson Nunes, jovem natural de uma pequena cidade do interior do Piauí que conseguiu se tornar um dos comediantes mais famosos do Brasil através de vídeos compartilhados pelo YouTube.

Utilizando o exemplo do Whindersson, o grande diferencial do site é a percepção dos nichos em que nossa sociedade consome conteúdo. Nenhum nicho está de fora do YouTube e todos os setores foram impactados pelos milhares compartilhamentos de vídeos através de canais. Setores como culinária, música, arte, esportes e principalmente educação sofreram uma grande mudança no modus operandi depois do Youtube. Podemos achar praticamente tudo que quisermos no site: desde como funcionam as células-tronco até devaneios sobre o terraplanismo. Todo tipo de conteúdo é disponibilizado por todo tipo de pessoa. Seja esta conhecedora de fato do assunto ou não, com ou sem aprofundamento e embasamento, deixando os receptores das mensagens com o papel de filtrar e selecionar.

Uma pesquisa chegou ao número de 87% de usuários que consomem tais vídeos para aprender algo novo. Tal número é, ao mesmo tempo, fantástico e estranho. É incrível percebemos que nós, consumidores e produtores de conteúdo, conseguimos aprender muito com outras pessoas “normais” como nós somos. Porém, por ser uma plataforma livre e sem um controle de qualidade muito claro, até que ponto podemos confiar nesses conteúdos? Atualmente passamos por uma crise da “verdade” e é extremamente preocupante a disseminação de conteúdos falsos e sem embasamento para pessoas que também não tem tal base de conhecimento.

Os lados positivos e negativos da grande disseminação do YouTube permeia grandes discussões de nossa sociedade e que ainda não temos a resposta para diversas perguntas. Nos resta seguir sempre aprendendo, mas de dois olhos abertos.